A casa da minha mãe é longe. É silenciosa. Faz um leve friosinho quando a noite cai. A casa da minha mãe tem gato e tem cachorro. E, ok, dá um certo ódio no coração se é você que tem que limpar, mas quando você se vê sentada no chão com um gato escalando as suas costas enquanto um cachorro enfia o focinho nas suas mãos, bom... você releva a bagunça que eles fazem! A casa da minha mãe parece que fica no centro do furacão, porque quando estou aqui dentro, parece que não está acontecendo absolutamente nada lá fora. A casa da minha mãe é como colo de mãe. Mesmo que sua mãe seja completamente diferente de você (vai... nem é tanto assim!). Mesmo que você seja desaforada. Mesmo que ela viva em outra lógica social, em outro espaço temporal, em outra dimensão astral, bem longe do planeta Terra...! Mesmo que você morda ela de vez em quando (ou de vez em sempre). A casa da minha mãe - que é longe, silenciosa e meio fria, tem a incrível capacidade de manter longe os meus demônios. Os demônios respeitam as mães. Eles não ousam entrar aqui.
A casa da minha mãe, mais que qualquer lugar do mundo, sabe muito bem quem eu sou. Sabe mais do que eu. Porque eu... bem... eu sou míope.
Mas na casa da minha mãe eu nem preciso de olhos.
Nem de cérebro. Nem de epiderme. Nem de ouvidos.
Eu chego, entro, fico e, quando menos espero, me pacifico.
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