- Você tem algum livro que explique o que fazer quando alguém abusa a gente?
(eu sou a pró contadora de histórias, que trabalha na biblioteca)
(ele é Mateus, 8 anos)
- Vou procurar!
E Mateus foi me contando como Maria Luíza havia se tornado um problema na sua vida.
Não havia nenhum livro que explicasse o que fazer quando alguém abusa a gente...
- Ignore, Mateus.
- Como assim?
- As pessoas que abusam, abusam porque sentem prazer quando a pessoa que elas abusam se irritam. Então, se você ignorar, Maria Luíza vai achar chato te abusar, e vai parar!
(eu fazia isso e, contra todas os prognósticos, eu sobrevivi à infância)
Na hora do recreio Mateus voltou.
- Funcionou, viu?!
(Mas, já!? - eu pensei. Ôh, Mateus... antes fosse só assim...)
Uma semana depois, olha Mateus de novo!
- Será que você poderia me falar mais alguma coisa sobre aquele meu problema?
(ôhmôdeuso! o instinto maternal que, sim, eu tenho, se contorce todo dentro de mim numa hora dessas...)
Agora não é só Maria Luíza, é Enzo também.
Ainda não deu tempo d'eu dizer para Mateus - eu, que contra todos os prognósticos, sobrevivi à infância -, porque ele teve que voltar pra sala logo depois que me explicou a situação. Mas eu vou dizer que quando ignorar não basta, quando 'eles' ganham força, a despeito do nosso desprezo, então é hora de mostrar os dentes. Como os felinos. Que se arrepiam inteiros, para parecerem maiores. Que ameaçam morder. Que, quando não tem mais jeito, mordem mesmo!
- Defenda o seu território, Mateus. Principalmente se for o seu território emocional.
E não se enganem Maria Luíza e Enzo... Uma vez superada a peleja, é Mateus que, diante da vida, se tornará o verdadeiro forte.
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