- Pró, você tem marido?
O que leva uma criança de 7 anos a interromper uma contação de histórias – que nada tem a ver com esposas e maridos – para fazer uma pergunta destas, é coisa que eu não tenho como saber.
Mas respondi “Não, não tenho não”, e tentei voltar para a história.
- Como assim não tem marido?!
- Não tendo! Oxe, Maria Clara, não é obrigado não, viu?
Maria Clara, visivelmente entristecida, continuou:
- Por que você não tem marido...?
Pensei em várias respostas possíveis, tipo: porque eu não quero, porque ninguém quis casar comigo, porque talvez eu prefira uma marida, mas respondi “não sei”.
- Você tem quantos anos?
- Trinta e dois.
E ela ia continuar as perguntas, mas foi interrompida pelas outras crianças, ávidas em participar, dizendo freneticamente quantos anos suas mães tinham.
Lá pelas tantas, a história já tinha acabado, já estava todo mundo fazendo outra coisa, Maria Clara volta:
- Você não tem jeito de 32 anos não...
- Hum...!
- Você tem jeito de uns 20!
- Hum...!!
- Não fique triste não, quando você tiver jeito de 30, vai aparecer um marido pra você...
(...)
Alguém mais perdeu a esperança de que os valores podem ser reconstruídos?
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