É assim: todo mundo tem uma meia dúzia de calos.
Na verdade não... não são calos... Porque calos são coisas físicas, ficam lá, protuberantes nos seus pés, basta um sapato errado e, pronto, acabou o seu dia! Calos existem. Dá para ver, sentir, a dor é incontestável.
Então 'calo' não é uma boa analogia.
Mas eu também não queria usar 'fantasmas'; porque é sempre esta palavra que me vem à cabeça quando quero falar sobre este assunto que estou tentando falar agora, que nem foi apresentado ainda.
Mas é que fantasmas... bem... há quem duvide da existência deles...
Então vamos usar a expressão mais aproximada: todo mundo tem uma meia dúzia de inseguranças.
Acontece que essas inseguranças às vezes são como os calos, e às vezes são como os fantasmas...
Sim... é bem assim.
E o que eu quero mesmo falar é sobre quando as inseguranças são fantasmas. E, veja bem, quem pode garantir com certeza que fantasmas existem?
Mas eles assombram.
E uma das vantagens de envelhecer, é que os acontecimentos não são primores de criatividade. Preste atenção - os episódios se repetem. Com mudanças às vezes quase nulas no roteiro. Então se você já passou por eles, você já os conhece. E se você já os conhece, você sabe o que fazer. Pelo menos em tese...
O que muda, eu acho, é a nossa forma de se relacionar com os tais dos acontecimentos repetitivos. E é aqui que eu volto com as inseguranças-fantasma. Porque geralmente a gente as ouve por uma boa parte da vida. E aí, conforme a fita vai passando novamente pelo mesmo ponto, você percebe que ouvi-las geralmente gera equívocos, enganos, confusões e ruídos de comunicação. E neste momento há a ilusão que elas, as inseguranças-fantasma, irão calar-se finalmente. Porque você as descobriu, as desvendou, as pegou no flagra. Ledo engano... Inseguranças-fantasma existem para assombrar. Assim como clorofila existe para que aconteça a fotossíntese (falei bobagem, pessoal que entende de Biologia?).
As inseguranças-fantasmas são serezinhos horrorosos, sem espécie definida, que permanecem alojados dentro da nossa cabeça. Eles sopram coisas, criam sensações incômodas, distorcem palavras e atos. Querem nos manter miúdos e cativos, encarcerados dentro de nós mesmos.
Mas não os tema, não os odeie. Eles fazem parte de nós.
Apenas não os siga.
Basta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário