segunda-feira


Quando Yansã lhe falou sobre 'mudança', 'mudança interior', ela pensou "mais?!" Ela pensou: "ainda?!" Ela pensou "nunca que isso acaba, não?!" Porque revolver-se por dentro parecia ser a única coisa que fazia. Talvez a melhor coisa que fazia. De certo a principal coisa que fazia. Mas achava, naqueles dias, que tal destino (ou seria vício?), havia chegado ao fim. Exultante, sentia que, enfim, ia começar a depurar as coisas de fora! Que não havia mais grandes coisas para escarafunchar nas reentrâncias da caverna. Que já havia ido nos lugares mais escuros. Que já havia se isolado e ficado em silêncio o suficiente para escutar todas as suas vozes interiores. Que ela já sabia, de uma vez por todas, o que ela era e de que era feita.


Enganou-se.

Não podia imaginar que na multidão também existem revelações.
Na sua cegueira obtusa, acreditava que só a solidão ensinava.

Enganou-se.

Não há espelho mais cristalino que a convivência.

Então foi assim que a moça viu quanta água havia em si.

E como, então, não haver mudanças?
Tal como disse Yansã:
mudanças internas
mudanças bruscas
revoluções.

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