Eu não sei fazer, não tem jeito. Já tentei, não consigo. Não adianta insistir, eu não sirvo.
Claro que eu li as mesmas revistas e livros, assisti os mesmos filmes, aprendi a cantar alto as letras das mesmas músicas. Eu vivo neste mundo bem aqui, igualzinho a todo mundo.
(e ainda sou mulher...)
É óbvio que eu desejei ardentemente o maior desejo de todos.
Claro que sofri, que me lamentei, emagreci, chorei escorregando pela parede do banheiro.
Não pense que eu escapei dos Clichês de Amor, porque isso está longe da verdade.
(e ainda sou mulher...)
Eu conheci o cara num dia e imaginei o casamento no outro.
Eu combinava os sobrenomes para ver como seria o nome dos filhos, eu desejava a ligação do dia seguinte e entristecia se ela não vinha, eu sentia ciúme mortal de ex-namoradas, eu criava expectativa, eu fazia planos, meu orgulho definhava a cada rejeição.
Dos Clichês Femininos de Amor, eu cometi quase todos.
E cometi também muitos dos Clichês de Quem Não Acredita nos Clichês de Amor.
Vê-se bem que sou boa mesmo neste negócio de repetir padrões.
Mas não deu. Não sei. Não consigo.
Há Clichês dos Solitários?
Minha sina repeti-los.
Quero ser amada e ser livre.
Ao mesmo tempo.
Não é clichê.
É só minha alma.
Em desalinho?
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