GUERRILHA
Há de se fazer as pazes.
Consigo - por estar aqui.
Com o outro - por ser como é.
Com as lógicas das coisas - construídas incessantemente por todas as mãos.
Há de se fazer silêncio e se esgueirar da necessidade de porquês.
(por que perguntas, se nenhuma resposta será satisfatória?)
Mas qual é o sentido? (interrogações, nosso mais inevitável destino...)
Eu não sei qual é o sentido. Eu não tenho a menor condição de ao menos tentar entender.
Então feche os olhos e lembre das pequenas sensações deliciosas: o
vinho, o início da embriaguez, o arrepio da pele que responde a um toque
desejado, o gozo, o sono, o riso altruísta, o encontro inenarrável de
almas quando se reconhecem, a exaustão transcendente de um corpo que
dança, a música que acarinha dentro das células, olhar um bicho,
escolher trazer um filho, submergir em águas, falar com a sua deusa. O
que mais?
Para não sucumbir, é preciso prestar atenção às
sensações. Às diminutas sensações. Às imperceptíveis sensações que
passam rápido como piscadelas. Mas que nos avisam que nem só de socos e
gritos é feita a vida neste mundo.
Por uma cada vez mais atenta sensualidade.
Para não sucumbir.
Para resistir.
Para vencer.
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