terça-feira

Menino caiu, bateu a cabeça. Normal.
Saio com o menino pra pegar gelo. Volto com o menino, ele com cara de "por que a vida é tão injusta comigo?".
Outro menino pergunta:
- Você chorou?
- Eu não! (chorou sim)
- Você é homem?
- (...)
Eu farejo o perigo, eles continuam:
- Porque homem não chora!
(estamos em 2013 e são crianças de uns sete, oito anos... pois bem...)

- Quem disse que homem não chora?! - falo - alto - muito alto, gritando (porque, para tamanho absurdo, a abordagem não pode ser tímida).
Eles me encaram, meio surpresos, e o que estava falando me responde:
- Meu pai. (faz-se o que com homis que ainda falam essas coisas pros filhos, gente?!)

- Homem sente dor? - pergunto.

Ninguém me responde.

Eu mesma continuo: homem sente dor; igual a mulher; e se não chorar o choro vai ficando preso, ficando preso, ficando preso, ficando preso, ficando preso, ficando preso, e o homem acaba fazendo cocô nas calças!

Gargalhadas.

- Quem não chora faz cocô nas calças! - eles riem e repetem, repetem, repetem.

E eu segui com a sensação de que salvei uma alma;
a minha, pelo menos...

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