Não há solidão possível para quem está rodeada por seus deuses.
Obaluiaiê explica a sua necessidade de olhar as feridas com os olhos bem abertos.
Nanã a presenteia com o seu apreço pelo silêncio.
Yansã lhe dá a capacidade de bramir uma espada.
Iemanjá, tão mãe de todos, aparece sempre com seu cuidado, abaixando suas águas quando a moça, que não sabe nadar e morre de medo do mar, precisa atravessar.
Mas Oxum...
Oxum a moça sempre olhou de longe. E com certa empáfia.
Nunca aprovou seus meneios, que julgava meio sonsos.
Nunca precisou dos seus dengos, já que ela sabia reluzir em vermelho.
A moça, brisa vento ventania, comprimia qualquer doçura até transformá-la em furacão .
Até o dia que Oxum invadiu a vida da moça.
Sob o nome de amor; mas a encheu de loucura e confusão.
E ela choveu. Por dias. Semanas. Meses. Sem parar.
Choveu, choveu, choveu. Forte e incessantemente.
Gritou. Lutou. Rasgou.
Secou.
E foi tanta água, tanta água, mas tanta água, que, ela nem reparou direito, um rio se formou.
Um rio de águas doces.
Um rio das águas doces de Oxum.
Tonta ela ainda tateia este novo estado.
Se olha no espelho atônita. Encantada (quem não se encanta por Oxum...?).
Iansã diz que deixa. Diz que cede.
- Deixa a menina descansar um pouquinho!
As suas unhas, ainda (sempre) pintadas do mais puro vermelho, não trazem mais um dedo em riste.
Que - agora - não tem por quê.
Pintar-se de ouro. Levantar o espelho. Sorrir.
Oraieieô,
madrinha.
(!...)
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