sábado

é mesmo difícil eu ficar MESMO bêbada, porque eu bebo muito devagar.
mas a primeira porta da abertura de consciência dos psicoativos, sim, eu atravesso.
e é bom atravessá-la
pobre de quem só se conhece no terreno dos auto-controles...
daquelas informações que a gente teve contato uma vez na vida e nunca mais esqueceu, eu, uma vez, estudando teatro da grécia antiga, li que para Dioniso (o deus do vinho e do teatro), o estado de embriaguez era o verdadeiro eu.
quer saber?
eu até queria viver constantemente assim
mas me falta brio...
me resta a embriaguez branda de alguns finais de semana
me é suficiente.
é o que me leva a estar aqui, ao invés de tomada banho, passada alfazema, deitada na cama quase a dormir
por exemplo
já que o horário de verão acaba de começar e, por força das circunstâncias, vou ter que acordar daqui a pouco
(questiono: se alguém que não me conhece, que nunca ouviu a minha voz aguda fazendo piadas auto-depreciativas, levaria muito à sério algumas coisas que eu escrevo?
bem...
só os meus amigos leem o que eu escrevo
não há com o que eu me preocupar)
então
eu devia estar dormindo
e não desabafando para o etéreo, numa rede social...
mas estou levemente bêbada
levemente corajosa
levemente de frente para mim mesma, sem pudores ou demais auto-controles
<<< quando a gente quer mais do que vem no prato, é foda >>>
quer outra informação passageira que me ficou pra sempre?
no meu curso para descobrir a minha palhaça (alguns atores fazem dessas coisas), um comando era uma constante:
- engole.
qualquer coisa que lhe incomodasse.
qualquer exposição ao ridículo
qualquer limite ultrapassado
qualquer quebra da expectativa
qualquer dor, de qualquer ordem
- ENGOLE.
aprendi
mas nunca, nunca mesmo
me conformei com isso
ÀS VEZES O QUE A GENTE PRECISA É TACAR O PRATO COM COMIDA INSUFICIENTE, BEM NO MEIO DA CARA DE QUEM NOS OFERECEU.
sempre desconfiei:
o meu palhaço é um Bufão.

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