Vou cortar os cabelos novamente.
Cabelos grandes são para as mulheres que sabem semear.
Por mais que eu deseje, nunca me dão os meios de aprender...
O que me deram, assim que eu nasci, foi uma pequena espada, para que eu levasse a vida de punho em riste.
Imagino Omolu parado, firme, olhando fixo para o chão, esperando a hora que eu vou parar de ser intempestiva.
Puxa vida... o meu Pai não consegue ter nenhuma influência sobre mim!
Filhas de Iansã provocam sensações demasiado arrebatadoras, que são irremediavelmente seguidas de pânico e plano de fuga.
Eu já deveria estar acostumada.
Posso confessar?
Morro de inveja da maneira que as Oxuns têm de atrair os seus pares: lindíssimas e ali nas beiradas como quem não quer nada... O moço ou a moça vão se envolvendo no meio de tanto macio que nem dá para perceber o que está acontecendo.
Iansã não é assim.
Você está lá e, sem porquê, bum!, ventania no meio da sua cara! Com os seus pés fora do chão, atordoado, que porra é essa que está acontecendo, espera, me tira, não quero, me tira daqui!
Filhas e filhos de Iansã são meio assustadores.
Olho para o meu pai Omolu, metade de meu Orí, e peço cândida e carinhosa:
- Mais terra, Babá... mais terra. E menos tempestade.
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