domingo

Priscila levantou da cama. Abriu a geladeira e tomou sorvete. Deixando derreter na língua os pedacinhos de chocolate. Sentiu frio, calçou as meias. Olhou no espelho - olha lá, o rosto já está chupado! Impressionante a sua capacidade de perder o apetite e logo desfilar uma cara de caveira!
Puta que pariu Priscila, você já não está velha demais para ainda não ter entendido?!
Tem gente que nasce para ser par. Tem gente que nasce para ser uno.
Uma vida inteira (quando foi mesmo a primeira paixonite? aos doze anos? aquele menino da ilha, que você namorava escondida atrás do carro). Priscila, espia: nenhum dos seus roteiros de amor foram bem sucedidos. Pode enumerar um a um e eu vou lhe ditar a desdita. Gente que te controla demais, gente que te angustia demais, gente desleal demais, gente que você quer demais que fique bem longe de você; gente que te deseja demais, mas não te leva; gente que te ama demais, mas que se assusta demais com você; gente que abre a vida demais para que você entre, só que, na verdade, o que essa pessoa quer é que você seja uma coisa que é diferente demais de você; gente que mora longe demais; gente que te abandona sem por quê.
Tudo revolto, tudo profundo, tudo intenso até quebrar a banca.
- Nunca mais eu vou me encantar por alguém que não me queira! - mentira, Priscila...
- Nunca mais eu vou namorar com alguém que na verdade eu nem queria, só porque a pessoa me venceu pelo cansaço! - mentira, Priscila...
- Nunca mais eu vou me apaixonar por alguém que mora longe! - ôh Priscila... pare de mentira...
Nessa coisa de amor, você não sabe ser amena.
Nunca conseguirá.
Talvez, Priscila, seja hora de encarar os fatos: você nasceu para ser sozinha.
Não ceda mais às pressões do mundo, cantarolando aquela musiquinha chata de é impossível ser feliz sozinho.
Se você prestar bem atenção - você só está feliz, justamente, quando está sozinha.
É preciso agora ter coragem.
Não ceda mais.
(ah! mas e o sexo?! talvez seja uma boa continuar essa prática de ser a saída de rotina de casais...)

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