segunda-feira

Depois de quatro dias dormindo cinco da manhã e acordando duas da tarde, era esperar muito do meu corpo notívago achar que só porque o feriado acabou e segunda é o dia mais cheio da minha semana, eu iria conseguir dormir no horário de gente normal. E é nessa hora que a velhice começa a mostrar-se: não sou mais imune a noites insones. A segunda vai ser dose! Yansã, valei-me!

Depois de umas pequenas férias da vida virtual senti saudade e voltei.
Mas foi bom dar uma parada.
Eu estava saturada.
De:

1 - As pessoas formularem opiniões ao meu respeito de acordo com as minhas postagens no facebook (mais opiniões bacanas do que ruins, até onde eu saiba, mas não necessariamente corretas, já que limitadas). O problema aqui é que os espectadores virtuais da sua vida criam uma persona lá na cabeça deles a respeito de quem você é. Principalmente se você é uma louca compulsiva, com aspirações literárias, bandeiras políticas e opiniões irônicas a respeito dos fatos, como eu era. Eu postava durante todo o tempo. Pessoas com quem eu nunca troquei muitas palavras falavam comigo como se me conhecessem. Como fazê-las perceber que aqueles aspectos que eu escolhia mostrar na rede social eram apenas um pedaço de mim? Um pedaço planejado, calculado, rascunhado, revisado? Como me proteger da imagem que era formada na cabeça de gente que nunca passou nem uma hora inteira comigo? Como me libertar da tarefa de ser A Feminista Sempre a Postos? Como degustar o meu total (fragmentado, contraditório, vacilante, ilógico) se a vida virtual edita?

2 - As mazelas do mundo.
Sim, este mundo é foda.
E eu sou mulher, pobre, bissexual, latina, nordestina, fora do padrão de beleza.
É um tanto mais foda pra mim. Principalmente porque eu não me agarro aos poucos privilégios de que usufruo.
Mas cansei de sofrer por conta do mundo. E as redes sociais são um caldeirão delas. Estavam desorganizando o meu já instável equilíbrio emocional.

3 - Minhas carências.
Redes sociais podem fazer você se sentir amado. E eu fiquei assustada quando me dei conta de que estava sentindo necessidade disso.
Tive uma crise de choro e resolvi que não era mais possível adiar a terapia.
(me afastei da rede social, mas a terapia continuo adiando...)


Por fim, eu precisava viver meu namoro sem fantasmas.
E é impressionante como nas redes sociais as interferências são muito mais assustadoras.



Espero que tudo tenha amadurecido.
Que tudo tenha criado um corpo mais forte e estrutura capaz de manter a paz interna diante das circunstâncias.
Quando digo tudo, estou dizendo tudo: jazz das identidades, capacidade de viver - ainda que neste mundo, desestruturante sensação de afinal-valho-quase-nada-nesta-merda-de-vida, e namoro.

Que tudo seja mais doce e mais bonito.


Acreditar que as coisas serão mais felizes é a utopia básica do ser humano.


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