terça-feira

Namoros firmam-se à medida que as partes desapegam-se de si mesmas e vão seguindo em direção ao outro, enquanto constroem essa terceira pessoa chamada 'nós', cheia de braços, pernas, salivas, medos, vontades e corações.
Nunca cheguei tão perto dessa coisa de namorar quanto fui com essa menina.
Mas ela ousou ser bonita demais e destampou a caixa feia das minhas piores dores.
Sou ré confessa.
Acostumada demais a ser hetero para lidar com destreza com os olhares dos moços que desejavam com tanta efusão à minha menina.
Era um ciúme voraz e invejoso que foi embotando a minha tão tênue alegria.
Assumi a minha incapacidade e a minha covardia.
E voltei para este lugar tão meu conhecido, de ode ao próprio umbigo, de louvores às minhas individuais e adoentadas melodias.
E ela, tão menina, tão crédula dos amores bonitos que cantam nos filmes, se agarrou ferozmente ao que sentia, ao que que almejava, ao que construía.
Me pegou pelo braço e quis me levar de mim.
Não pude, menina. Não posso.
Não sei medir atos e palavras em favor de um outro.
Egoísmos dos apavorados.
Dos que não abrem mão de si.
Diante das invejas, dos ciúmes, da inabilidade para o cuidado devotado, da impaciência, da falta de tato, diante da inexistência do jeito safo dos machos (eles, sim, treinados para lidar com meninas que são consideradas 'princesas'), desisti do desafio e me recolhi.
Eu tão acostumada a precisar dos falos que me validem.
Patético fim para o canto mais próximo que o amor chegou de mim.



Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei
PussyPossessa