segunda-feira

Tinha um jeito muito particular de matar as coisas.
A punhalada, embora fosse sempre cheia de energia, nunca acabava de uma vez o serviço.
Talvez fosse o seu desejo de não estar certa.
Feria, doía, sangrava, traumatizava. Mas não matava.
Era boa em se recuperar, talvez por isso não exitasse em golpear. Se não fosse nada, convalesceria, se recuperaria e exibiria com charme a cicatriz. No máximo, uma boa cicatriz, com uma bela história pra contar.

Por isto
nunca
exitou
em golpear.

Doces ilusões, doces ilusões... e lá chegava a hora de golpear de novo...

Dois compassos (quase monótono).

Mas sabia quando chegava a hora de encerrar um capítulo!
Tinha o talento de perceber quando não havia mais por onde preencher o roteiro.
E aí sim, então, o golpe fatal.

Que nem precisava ser com tanta força, já que a carne estava ali enfraquecida, vulnerável ainda, debilitada.
Mas sabia o exato ponto onde o corte era mortal .

Nenhum enredo deve ser abortado. Pois todo conto é vivo. E toda vida vale o esforço.

Quem não ama os passionais?
Muito se engana quem pensa que são cegos.
Os passionais vêem tudo.
E se jogam
despenhadeiro abaixo
mesmo
sabendo
que
no fim
encontrarão
o solo
seco.

Passionais são apaixonados é pela queda livre.

Quem não os teme...?

Punhaladas, punhaladas, punhaladas, fim da queda, corpo ao chão, golpe fatal.

Até encontrar o próximo despenhadeiro.
Como resistir?
A vista é enebriante.

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