quarta-feira

Eu faço drama. Muito.
Fundamentalmente nos roteiros de amor.
Carente, insegura, com uma necessidade contraproducente de auto preservação, arredia, complexada, compleeeeexa.........
Choro da cara inchar e escorro pela parede.
Fico macambúzia, solitária, faleço.
Eu faço mesmo muito drama.

O que eu não esperava era que fosse exatamente este o segredo para eu zerar cada drama de amor mal amado, mal vivido, mal resolvido ou parcamente correspondido.
Eu espiava de canto de olho alguns seres humanos arrastando corrente por aí, marejando os olhos pra falar de ex dos tempos de colégio, enquanto eu, orgulhosamente, nunca vivi um drama com rebarba de outro.
Eu não carrego fantasmas.

Porque sofro.
Até o talo.
Com o defunto.
Ainda quente.

Agora eu tinha um cenário perfeito para um drama daqueles...!
Amantes desafortunados que tiveram o romance interrompido por uma viagem para longe e sem volta.

Mas eu não posso parar.
Simplesmente não tenho como me dar ao luxo de morrer um pouquinho, como costumo fazer, até a ferida sarar.

Então eu acho que peguei o drama iminente e soquei ele numa gaveta.

Porque agora tem muita vida nova em cada esquina!
E uma saca de sementes que demandam braços dispostos e olhar alerta.

Definitivamente.
Não é hora.
De morrer.

Coloquei a saudade num saco e cada vislumbre de tristeza eu engulo; com choro e tudo.

Agora não. Agora eu não posso.
Agora eu não quero.

Mas vou deixar, viu...?
Lá uma hora, quando as coisas por aqui assentarem, quando for estabelecida alguma rotina, quando a vista começar a se acostumar com a paisagem, quando eu, auto-controladora que sou, sentir que a minha vida está novamente nas minhas mãos, vou deixar o drama-de-amor chegar.
Como uma avalanche.

Porque eu acredito que lutos bem vividos, além de serem momentos lindos, têm efeitos estupendamente poderosos.
(...!)

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