quarta-feira


Eu não ando só.
Não é uma metáfora.
Eu
não
ando
só.

Não é uma religião também.
Não sigo religião alguma.
Nem mesmo esta, de onde vêm estes que não vejo, não entendo, não explico mas, mesmo assim, e com toda a intensidade, amo.

Não sou também "Deus Também" (ou sou... afinal este texto está com muitos 'nãos'...).

Mas daqui, de onde posso falar com certeza, só posso afirmar que sou um espírito sem lembranças, encarnado neste mundo que não gosto (tá... às vezes eu gosto.)

Gosto de vê-los mais como amigos, e me desculpe se isto soa como desrespeito ou heresia.
Mas é verdade.
Gosto de vê-los mais como irmãos. Como companheiros da viagem.

É certo que os demando muitos pedidos, e isto não parece tanto com uma amizade equilibrada, mas os retribuo do jeito que posso, do jeito que sei.

Este texto é uma forma.

Eu não ando só!
Porque não quero e porque não preciso.

Pois há uma mulher vermelha sempre ao meu lado. Desde antes que eu nasci. Ela me faz ser esta substância sem matéria que não se pega, não se guarda e não se molda. Eu sou vento. Eparrei, Iansã!

Há um velho curvado que não mostra o rosto, da cabeça aos pés coberto de palhas. Ele me ampara. Ele me nina. Ele me cuida. ELE ME CURA. Omulú anda comigo e é ele próprio quem me cura. Atotô!

Não foi Nanã que me escolheu.
Fui eu que escolhi ela.
Eu precisava tanto de silêncio!...
(onde mais eu ia achar?)

Eu tinha uma birra imensa com Oxum. Aqui do meu jeito herege de lidar com os orixás. Eu achava desleal. Eu morria de inveja (em termos mais técnicos pode ser chamado de Sérios Problemas de Autoestima). Mas sabe o que uma inveja curada vira? Vira uma Admiração Transformadora.
Então foi neste caminho de cura que Oxum entrou na minha vida. Um dia ela me puxou pelo braço e disse "tá bom filha de Iansã, chata, para de apontar essa porra dessa espada pra mim e senta aqui que eu vou te dar umas coisas!" (mentira que ela não falou assim... [risos] é que, na moral, é muita sinuosidade, eu não sei reproduzir!)

Mas, olha, Oxum não entrou na minha vida porque ela perdeu a paciência (que falta de paciência é um charme reservado à nós, né, Mãe? rs).
Oxum entrou na minha vida porque ela viu que eu precisava.
Foi um ato motivado pelo desejo de ver o outro feliz.
Quando isto não representa nenhum prejuízo para quem está ofertando a ajuda, creio que pode ser chamado de Um Ato de Amor.

O pedaço mais longo do texto foi para falar de Oxum. Acho que isto alimenta a vaidade dela (rs). E nem foi de caso pensado nem nada, apenas fui escrevendo, escrevendo, escrevendo. 'Tá vendo, Rainha, eu também fico boba, encantada e perco a hora quando olho pra você...
(um beijo de batom vermelho na ponta do seu espelho!)

Eu sei que este texto parece literatura, mas não se engane.
É um Testemunho.

A minha saudação de amor àqueles que caminham comigo.
Povo da Rua, Caboclos, Êres, minha Iansã, meu Omolú, minha Nanã, minha Oxum.

É gente demais para sequer passar pela minha cabeça que um dia eu andei, ou vou andar só!

ASÈ!

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